Os 5 fatores que influenciam a ingestão alimentar e os hábitos das crianças

Os hábitos, as preferências e as aversões alimentares são estabelecidos nos primeiros anos de vida e prosseguem até a fase adulta. O que a criança aprende nesse período chamado primeira infância pode determinar sua forma de pensar e suas decisões, mesmo que ela não saiba falar e nem tenha memória apurada dos fatos que acontecem à sua volta. Ao nos preocuparmos com a alimentação de uma criança não estamos apenas evitando doenças nessa fase, mas oferecendo condições para que no futuro suas escolhas alimentares sejam equilibradas e seguras.
Vamos, então, falar das 5 principais influências na ingestão alimentar nos anos de desenvolvimento, que incluem: ambiente familiar, tendências sociais, mídia, pressão dos colegas e doença.
Ambiente Familiar
Para as crianças em idade pré-escolar e até mesmo para os bebês que estão engatinhando, a família é a influência primária no desenvolvimento de hábitos alimentares. Os pais e parentes mais velhos que estão mais próximos são modelos importantes e suas atitudes alimentares podem ser fortes preditores das preferências e aversões alimentares das crianças no futuro.
A criança não tem a capacidade de escolher uma alimentação saudável por intuição. Ela irá comer aquilo que é oferecido, por isso ofereça alimentos saudáveis desde sempre. Muitos pais têm medo de só oferecer uma dieta balanceada e os filhos ficarem "bitolados" e chatos no futuro, mas isso não acontece. Não dê e não deixe que pessoas próximas à criança dêem nenhum tipo de produto industrializado. Por serem exageradamente doces ou salgados, os industrializados viciam o paladar da criança que começa a rejeitar os alimentos saudáveis azedos (frutas) e amargos (vegetais).
Realizar refeições junto com os outros membros da família também é um hábito importante e que está cada vez menos comum. Estudos têm mostrado que crianças e até adolescentes que participam mais das refeições com as suas famílias consomem mais frutas e vegetais, menos refrigerante e alimentos fritos do que aqueles que raramente comem com os familiares.
Uma importante observação é que a criança deve se sentir parte daquele momento. Colocar um prato de adulto e talheres grandes para ela se alimentar pode desestimular seu ato de comer. A autonomia nesse momento é importante, então evite "dar comida na boca" e deixe que ela tenha a experiência de se alimentar sozinha, com pratos e talheres adequados para sua idade. Hoje já existe disponível até mesmo jogos americanos divertidos que aproximam a criança desse momento importante.

Foto: jogo americano produzido pela Le Pepêti.
Por último, invista em um ambiente equilibrado à mesa, sem discussões, cobranças ou comentários negativos sobre algum alimento. Um ambiente positivo é aquele onde se reserva tempo suficiente para a refeição, onde derramar um pouco de alimento ocasionalmente é tolerado, e a conversa entre todos os membros da família é encorajada.
Tendências Sociais
Como quase 3/4 das mulheres com filhos em idade escolar trabalham fora, as crianças podem fazer uma ou mais refeições nas creches ou escolas. Controlar o que seu filho recebe nesses lugares é quase impossível, mas deve ser uma das prioridades dos pais cobrar por uma alimentação de qualidade. Todas as crianças devem ter acesso a refeições nutritivas servidas em um ambiente seguro e higiênico, que promova crescimento e desenvolvimento saudáveis.
Mensagens da Mídia

O alimento é comercializado para as crianças utilizando uma variedade de técnicas, incluindo anúncios na televisão, comercialização nas escolas, patrocínios, comercialização na internet e promoções de compra. A maioria das crianças de hoje passa mais tempo em frente à televisão e internet do que na sala de aula. E a que elas estão expostas nesses meios de comunicação?
Em uma amostra aleatória de publicidade televisiva para crianças, 20% dos comerciais eram de alimentos. Desses, 70% eram de item ricos em açúcar ou gordura e mais de 25% eram de restaurantes de fast-food. E não são só produtos infantis que a indústria oferece às crianças. Elas são o alvo preferencial da publicidade, pois participam da decisão de 80% das compras da casa.
As crianças em idade pré-escolar são geralmente incapazes de distinguir as mensagens de comerciais dos programas normais. A mídia sempre fará de tudo para chamar a atenção das crianças fazendo alusão à animais, desenhos animados e personagens marcantes de filmes (princesas, heróis...) ou da cultura (papai noel, coelhinho da páscoa...). Além disso, uma forte estratégia de algumas marcas é dar brinquedos junto com os produtos alimentares ofertados, fazendo com que a criança inevitavelmente coma o alimento, mesmo sem ter sido atraída por ele.
Pais, limitem as horas em frente à televisão e internet do seu filho. Incentive a leitura, a prática de esportes e as atividades em conjunto com a família e os amigos.
Influência dos Colegas
À medida que as crianças crescem, seu mundo expande-se e seus contatos sociais tornam-se mais importantes. A influência dos colegas aumenta com a idade e afeta as atitudes e escolhas alimentares. Isso pode resultar em uma recusa súbita de uma alimento ou no pedido de um alimento incomum, mas popular no momento.

Os comportamentos positivos, como o desejo de experimentar novos alimentos, podem ser fortalecidos. Os pais precisam estabelecer limites para influências indesejáveis, mas também precisam ser realistas, pois discussões sobre alimentos são autodestrutivas. O fato é que se você teve o cuidado de oferecer alimentos saudáveis no momento da introdução alimentar e limitou a ingestão de produtos ricos em açúcar e gordura na primeira infância, seu filho terá mais estrutura física (paladar) e emocional para decidir sobre a ingestão dos alimentos que são ofertados por terceiros.
Enfermidade ou Doença
As crianças que estão doentes geralmente têm menos apetite e ingerem menos alimentos. As enfermidades virais ou bacterianas agudas são frequentemente de curta duração, mas podem necessitar de mais líquidos, proteína ou outros nutrientes. As condições crônicas como asma, diabetes tipo 1 ou doença renal crônica, podem dificultar a obtenção de nutrientes suficientes para um crescimento ótimo.
As crianças com esses tipos de condições são mais sujeitas a ter problemas de comportamento em relação ao alimento. As crianças que necessitam de dietas especiais não apenas têm de se adaptar aos limites dos alimentos permitidos, como também precisam abordar questões de independência e de aceitação dos colegas, à medida que ficam mais velhas.
Alguma rebeldia contra a dieta prescrita é típica, especialmente quando a criança se aproxima da puberdade. Por isso é importante que a criança seja estimulada a criar laços com os alimentos que são permitidos. Incentivar a realização e a criação e adaptação de receitas, pode ser uma forma especial de lidar com o relacionamento muitas vezes negativo com a dieta.
Ainda que você não tenha tido esses cuidados no passado, você pode começar pequenas mudanças hoje e melhorar a vida da criança no futuro. Se seu filho já está acima do peso, não se desespere e nem desanime. Aqui vão 8 dicas para te ajudar!
Um Beijo da Nutri,
E VIVA NA MEDIDA!