Por que adultos que foram crianças obesas têm mais dificuldade para emagrecer?

Além de todos os fatores psicológicos que podem responder essa pergunta, há um fator fisiológico importante quando o assunto é obesidade infantil. Decidi escrever essa matéria na semana passada quando fui a um parque aquático e levei um susto com tantas crianças acima do peso. Quase todas tinham uma gordura abdominal importante e muita celulite, evidenciando a presença de gordura e a escassez de tecido muscular.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a obesidade infantil um dos problemas de saúde pública mais graves do século XXI; atualmente, um terço das crianças de 5 a 9 anos, um quinto dos adolescentes e mais da metade dos adultos em todo o mundo está com excesso de peso. Esses dados resultam em um aumento das doenças crônicas, que estão entre as principais causas de mortalidade e adoecimento. Além disso, é crescente a substituição dos alimentos básicos por alimentos ultraprocessados, com o consumo excessivo de sódio, gorduras e [principalmente] açúcar.
Os hábitos consolidados na infância são sim extremamente decisivos para que uma criança obesa continue obesa na vida adulta. O sedentarismo crescente nessa idade, os costumes errados ensinados pelos pais, a falta de orientação nutricional na introdução alimentar, etc, são grandes fatores desencadeantes da obesidade, mas há um aspecto importante que está relacionado às adaptações fisiológicas do nosso tecido adiposo.
O tecido adiposo é o local onde estão as células armazenadoras de gordura que é onde nosso corpo coloca a gordura extra [não essencial para o funcionamento normal] funcionando como nossa reserva de energia. Esse tecido está localizado principalmente sob a pele, e as células que fazem parte dele são chamadas de adipócitos ou células adiposas.

O ganho de peso e de tecido adiposo ocorrem de 3 formas:
1. Hipertrofia: é quando ocorre o aumento no tamanho das células. Os depósitos de gordura podem se expandir em até 1000 vezes em qualquer idade, desde que haja espaço disponível.
2. Hiperplasia: é quando ocorre o aumento no número de células.
3. Combinação: é quando ocorre a hipertrofia e a hiperplasia ao mesmo tempo na célula.

Aqui está a chave para entender porque adultos que foram crianças obesas tem mais dificuldade para emagrecer do que adultos obesos que foram crianças magras:
A hiperplasia ocorre como um processo normal do crescimento durante a infância e adolescência. Crianças magras também têm o número de células aumentadas, mas isso ocorre mais rapidamente em crianças obesas. Os adultos não estão livres da hiperplasia, embora a hipertrofia seja o mais comum. Porém, o aumento na quantidade de células nos adultos só ocorre quando as células existentes alcançam sua capacidade máxima de armazenamento.
E aqui vai mais um susto: com a perda de peso o tamanho dos adipócitos diminui, mas o número de células permanece o mesmo. Ou seja, a hipertrofia é reversível, mas a hiperplasia não. Quanto mais células de gordura você tiver, mais dificuldade terá para perder peso e também mais facilidade para ganhar. Isso não quer dizer que você deve desistir de tentar emagrecer, mas que você deve se empenhar mais já que não só a sua mente luta contra você, mas também o seu corpo.

Procurar um nutricionista capacitado sempre vai ser a melhor [e talvez a única] solução para emagrecer de vez e para sempre. Procurar meios alternativos não deveria ser uma opção para ninguém, mas principalmente para aqueles que tem mais dificuldade no processo de emagrecimento.
E se você tem uma criança em casa, não tenha pena de dizer NÃO quando seu filho quiser comer besteira o tempo todo, não desista na primeira tentativa de fazer ele comer brócolis, e não fique enchendo ele de cursos para que ele tenha tempo de brincar e se exercitar ao invés de ficar jogado no sofá por estar tão [mentalmente] cansado.
Aqui no blog tem muitas dicas para você melhorar a saúde do seu filho:
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E VIVA NA MEDIDA!
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